Mais um vídeo!

Professores da Unifor falam sobre a Sociedade do Espetáculo.


Você é senhor ou escravo do relógio?



Pelos alunos: Juliana Joca e Victor Eleutério.

"Quando falo do tempo é porque ele já não existe".
Quando se "tem" tempo é porque já não é "livre".
(Baudrillard)

Vídeo dos alunos sobre Luxo



LOGORAMA por E_M_P_E_R_O_R no Videolog.tv.


Matéria Folha de São Paulo

Folha de São Paulo – Domingo, 19 de Setembro de 2010

Vanessa vê TV

No dia 7 de setembro, o canal A&E estreou o primeiro reality show de horror da televisão: “Hoarders”, que em português ganhou um título mais genérico: “Obssessivos-compulsivos” (terça, às 22h; classificação não informada).

Quem, a julgar pelo título, aguardou ansiosamente a exibição, afofou as almofadas três vezes e preparou-se para ver um programa sobre germofóbicos (ou metódicos, ou repetidores) deve ter sofrido um choque. As cenas eram apavorantes.

“Hoarders” ou “colecionistas” são acumuladores compulsivos de tralhas, pessoas incapazes de se desfazer dos objetos mais inúteis.

É gente que junta cadarços puídos, latas vazias, tábuas, jornais, disquetes e até mesmo anéis de latinhas de refrigerante.

Afinal de contas, “quem guarda tem”, dizia minha tia Lucila. “Ratos”, eu completo. Os dois casos do primeiro episódio são de tragédias domésticas, como o casal que perde a custódia dos filhos por conta da insalubridade do lar e a esposa que fratura o braço e sofre um ataque cardíaco por culpa da tranqueira do marido.

Uma das justificativas mais usadas pelos entulhadores é o valor sentimental, mesmo que seja de uma folha em branco. No programa, um sujeito levou quatro horas para examinar uma caixa em busca de coisas para descartar. Desistiu.

São discípulos modernos dos irmãos Langley e Homer Collyer, que, os anos 1940, acumularam 180 toneladas de lixo (ou 163 toneladas cúbicas) no sobrado onde moravam, no Harlem. Entre os objetos guardados “por precaução” estavam candelabros, carrinhos de bebê enferrujados, máquinas de raios X, piano de cauda, automóveis, mofo e três décadas de todos os jornais de Nova York.

Homer era cego, mas Langley estocava os periódicos na esperança de que um dia pudesse lê-los. Além disso, Homer era paralítico e dependia do irmão para alimentá-lo.

O fim dos Collyer condiz com a sina dos entulhadores da série, embora em nível extremo: impossibilitados de andar pela casa, passaram a cavar túneis por entre o lixo e fazer andaimes sobre as pilhas.

Um dia, Langley tropeçou e foi soterrado. Seu corpo foi encontrado a três metros do irmão, que morreu de fome, mas foram necessários19 dias de trabalho para chegar até ele, retirando as cem toneladas de lixo que os separavam.

Por Vanessa Bárbara
vanessa.barbara@uol.com.br

Segunda parte do Celebridade


Documentário Celebridades

Olha só, este documentário foi feito no semestre passado.


Segunda parte do Não tem Preço.


Primeiro vídeo postado aqui!


Entrevista com Flávio Paiva

1. De acordo com o historiador Frances Phillippe Ariès a infância, percebida como uma etapa peculiar do desenvolvimento do sujeito, é um fenômeno recente, tipicamente moderno. Já Neil Postman, professor de Comunicação em Nova York, afirma que a infância instituída na modernidade está desaparecendo e aponta a televisão como causa desse fenômeno. O que você acha? A infância esta desaparecendo? A infância tem sofrido transformações? A que se devem? Quais são os traços que marcam/caracterizam a infância na contemporaneidade?
A rigor, essas teses se complementam porque tratam de elos do processo permanente de recontextualização da infância. Vejo esses estágios pelas lentes de quatro metáforas, duas comumente utilizadas por diversos pensadores e duas que eu criei para completar o ciclo pleno da sociabilidade infantil: a) na sociedade caçadora (pré-modernidade), a criança era tratada como um adulto pequeno; b) na sociedade jardineira (modernidade), meninas e meninas passaram a receber atenção diferenciada; c) na sociedade lenhadora (hipermodernidade), a referência de infância retoma o perfil adultizante, pelo viés do consumismo; d) na sociedade lavradora (caso se configure a tendência de ruptura para o social-ambientalismo), surgirá uma nova criança, menos terceirizada e mais integrada à relação da cultura com a natureza. Acredito que já temos a criança preparada para esse salto no comportamento da humanidade. O que está faltando é essa criança contar com um adulto à sua altura. O grande desafio contemporâneo é a busca de estilos de vida que comprometam menos os recursos naturais do planeta e as relações entre as pessoas.


2. Você é contra a Publicidade voltada para a criança ou seria concebível a existência de um discurso publicitário mais ético “voltado para o publico infantil”? Que características teria esse discurso?
É difícil falar em discurso ético da publicidade voltado para a criança, pois o grande problema da fala mercadológica das empresas, de seus produtos e marcas, quando dirigida a meninas e meninos, está exatamente na esfera da conduta social. Ou seja, de um lado, está um sedutor convicto, armado de toda sorte de recursos, trabalhados para maliciosamente produzir um desejo de compra; e do outro, está alguém crédulo, desarmado e sem os necessários parâmetros de julgamento, que tem o seu estado de latência invadido por mensagens de fortes apelos comerciais. É uma relação muito desigual, uma perversão tão grave quanto à pedofilia. A publicidade de produtos e serviços infantis deve ser dirigida aos adultos que cuidam de crianças. Tem um comercial do sabão OMO, que eu acho bem pensado, bem resolvido e, pelo que parece, é dirigido às mães. Ao lembrar que "se sujar faz bem", essa publicidade acaba prestando um serviço pedagógico a muitos adultos desavisados, que higienizam demais a vida infantil.


3. Como a Publicidade e o consumismo afetam a criança?
Na ânsia de aproveitar o poder de influência de compra das crianças, muitas empresas perdem completamente a compostura e por meio da publicidade praticam atos ilícitos de persuasão, como os de estimular a bajulação e falsidade (Chokito), a compra casada (McLanche Feliz) e a se deixar manipular por comandos imperativos (Candide Xuxa). Bombardeadas por esses incitamentos socialmente condenáveis, a criança é exposta à valorização da desonestidade nas relações, da vulnerabilidade cidadã e, acima de tudo, a ser uma consumidora e fazer o papel de promotora do consumo exagerado. Então, os efeitos da publicidade e do consumismo na criança manifestam-se em distorções psicológicas de acentuadas interferências nas dimensões sócio-políticas e culturais. As situações de constrangimento, causadas por esforços de vendas inadequados, também afetam de modo perverso o mundo infantil. No mês passado (abr/2010) a agência de viagens Trip&Fun, de São Paulo, foi bastante criticada pela polêmica promoção: “Se eu não for para a Disney vou ser um Pateta”. E o pior é que esse tipo de promoção, feita dentro das escolas, é um estímulo ao bullying. Além do sentido de “eu vou, você não vai”, esse tipo de propaganda ainda instiga os que viajam a ficar tirando onda com os que ficam, chamando-os de pateta. Mas a sociedade está despertando para esse tipo de violência à dignidade infantil e entidades como o Instituto Alana vêm dando efetivas contribuições nesse sentido.



4. O que é o Instituto Alana e que trabalho desenvolve?
O Alana é uma organização da sociedade civil, criada e presidida pela educadora Ana Lúcia Villela, que atua em quatro eixos associados ao tema da infância: tem o Espaço Alana (1) e o Centro de Formação Alana (2), no Jardim Pantanal, em São Paulo, o Projeto Criança e Consumo (3) e mais recentemente passou a apoiar o Instituto Brincante (4), um recanto de prática e teoria da brasilidade, localizado na Vila Madalena, e que tem como criadores Antônio Nóbrega e Rosane Almeida. Eu arriscaria dizer que a liga de todas essas iniciativas do Instituto Alana é a movimentação da educação e da cultura em favor de uma vida menos consumista e mais socialmente decente.


5. Você é jornalista, escritor, músico e um grande valorizador da cultura popular. A maior parte do trabalho que você desenvolve é em torno da temática da infância. O que você busca através desse trabalho?
Sempre tive a mania de viver, descrever literária e musicalmente a vida e depois juntar tudo novamente para viver além do cotidiano. Mas isso eu trago da minha infância e adolescência vivida no sertão, onde, durante o dia as pessoas trabalhavam na agricultura, na pecuária, no comércio, mas à noite refinavam a dureza da labuta tocando viola, contando histórias ou simplesmente contemplando a silhueta da caatinga à lua cheia. Sem contar com aquelas pessoas que abóiam, tangendo o gado, e as que trabalham cantando nas lavouras. Sou uma dessas pessoas e não é o fato de morar na cidade que me faz esquecer de praticar esses hábitos de plenitude humana. Gosto dos sons da cidade, da vida urbana, de morar em apartamento e tudo isso está incorporado na minha produção autoral. Entendo que os livros e as músicas que tenho feito para as crianças resultem de duas fontes de encantamento: uma, que chamo de paternidade criadora, e a outra, que não sei nem chamar, mas sinto que vem de uma vontade muito grande de contribuir para que essa meninada que está aí seja imaginativa o suficiente para superar a resistência dos adultos na conquista de um mundo mais próximo da metáfora do lavrador (pós-hipermodernidade). Em uma reflexão que publiquei na minha coluna semanal no Diário do Nordeste, explico porque, diferentemente de muitos pensadores que pregam a volta do “jardineiro”, eu defendo a figura do “lavrador” como referência civilizacional a ser alcançada: “O lavrador está mais afeito a respeitar à terra, a cultivar a simplicidade, a organicidade, a fazer a semeadura do que é preciso produzir para viver, a colher os frutos de uma relação integrada com a natureza e do uso da ciência e da tecnologia em favor do usufruto pleno do que a vida nos oferece” (DN, 3/9/2009). É isso o que busco com o meu trabalho.